quarta-feira, 7 de março de 2012

O Saber Feminino


“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores”.
Cora Coralina, poetisa


“Aprendi com as primaveras a me deixar cortar para poder voltar inteira”.
Cecília Meireles, poetisa


“Amor é como mercúrio na mão. Deixe a mão aberta, e ele permanecerá; agarre-o firme, e ele escapará”.
Dorothy Parker, escritora


“Há dois tipos de pessoas: as que fazem as coisas e as que ficam com os louros. Procure ficar no primeiro grupo: há menos competição lá”.
Indira Gandhi, estadista


“Quando uma porta da felicidade se fecha, outra se abre. Muitas vezes ficamos tanto tempo olhando para a porta fechada que não vemos a que se abriu.”
Helen Keller


“Vamos! corra a fazer alguma obra de caridade!” 
Santa Terezinha, quando notava 
tristeza nalguma noviça


“Amor não tem nada a ver com o que esperas conseguir, apenas com o que esperas dar; quer dizer, tudo.”
Katharine Hepburn


“O fanático é um homem com os dois pés plantados firmemente nas nuvens.”
Eleanor Roosevelt


“Antes de fazer um trabalho, o máximo que eu penso, que eu uso em termos de raciocínio é o seguinte: vai dar para fazer? Vou estar feliz fazendo isso? Meu coração comprou essa idéia? Eu estou inteira nisso?”
Zizi Possi


“Não devemos permitir que alguém se afaste de nós sem sentir-se melhor e mais feliz.”
Madre Teresa de Calcutá


“Ri alegremente, e o mundo rirá contigo; chora, e chorarás sozinho. Esta velha e boa Terra precisa pedir em-prestada qualquer alegria, porquanto já tem aborrecimentos de sobra.”
Ella Wilcox, poetisa


“O futuro não nos traz nem nos dá nada. Nós é que, para construí-lo, devemos dar-lhe tudo”. 
Simone Weil, filósofa e ativista


"Quando nada é certo, tudo é possível”.
Margareth Drabble, escritora


“Quem não sabe chorar de todo o coração também não sabe rir”.
Golda Meir, estadista


"Dai-me Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço”.
Gabriela Mistral, poetisa


“Quando precisar que algo seja dito, chame um homem. Quando quiser que algo seja feito, chame uma mulher.”
Margareth Thatcher, estadista


"Nada na vida deve ser temido, somente compreendido. Agora é hora de compreender mais, para temer menos”.
Marie Curie, física


“Não tenho tempo de desfraldar outra bandeira que não seja a da compreensão, do encontro e do enten-dimento entre as pessoas”.
Elis Regina, cantora


"Você não pode escolher como vai morrer ou quando. Você só pode decidir como vai viver agora.”
Joan Baez, cantora


"e por não aceitar ser inferior a Adão, fui castigada a viver no deserto" Livro de Lilhit

Feliz Dia da Mulher!

Helga



terça-feira, 6 de março de 2012

Separação





Atrás da Porta (Chico Buarque)



Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
No teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua







Último Desejo (Noel Rosa)



Nosso amor que eu não esqueço
E que teve o seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete
Sem retrato e sem bilhete
Sem luar, sem violão
Perto de você me calo
Tudo penso e nada falo
Tenho medo de chorar
Nunca mais quero o seu beijo
Mas meu último desejo
Você não pode negar
Se alguma pessoa amiga
Pedir que você lhe diga
Se você me quer ou não
Diga que você me adora
Que você lamenta e chora
A nossa separação
Às pessoas que eu detesto
Diga sempre que eu não presto
Que meu lar é o botequim
Que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida
Que você pagou pra mim


 




sexta-feira, 2 de março de 2012

Soneto de Devoção


"Estudo de Mulher" (1884) RODOLFO DE AMOEDO


Soneto de Devoção

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem me dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher e um mundo! - uma cadela
Talvez... - mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela.

Vinícius de Moraes

Oda al gato (Pablo Neruda)



Los animales fueron
imperfectos,
largos de cola, tristes
de cabeza.
Poco a poco se fueron
componiendo,
haciéndose paisaje,
adquiriendo lunares, gracia, vuelo.
El gato,
sólo el gato
apareció completo
y orgulloso:
nació completamente terminado,
camina sólo y sabe lo que quiere.

El hombre quiere ser pescado y pájaro
la serpiente quisiera tener alas,
el perro es un león desorientado,
el ingeniero quiere ser poeta,
la mosca estudia para golondrina,
el poeta trata de imitar la mosca,
pero el gato
quiere ser sólo gato
y todo gato es gato
desde bigote a cola,
desde presentimiento a rata viva,
desde la noche hasta sus ojos de oro.

No hay unidad
como él,
no tiene
la luna ni la flor
tal contextura:
es una sola cosa
como el sol o el topacio,
y la elástica línea en su contorno
firme y sutil es como
la línea de la proa de una nave.
Sus ojos amarillos
dejaron una sola
ranura
para echar las monedas de la noche.

Oh pequeño
emperador sin orbe,
conquistador sin patria,
mínimo tigre de salón, nupcial
sultán del cielo
de las tejas eróticas,
el viento del amor
en la intemperie
reclamas
cuando pasas
y posas
cuatro pies delicados
en el suelo,
oliendo,
desconfiando
de todo lo terrestre,
porque todo
es inmundo
para el inmaculado pie del gato.

Oh fiera independiente
de la casa, arrogante
vestigio de la noche,
perezoso, gimnástico
y ajeno,
profundísimo gato,
policía secreta
de las habitaciones,
insignia
de un
desaparecido terciopelo,
seguramente no hay
enigma
en tu manera,
tal vez no eres misterio,
todo mundo te sabe y perteneces
al habitante menos misterioso,
tal vez todos lo creen,
todos se creen dueños,
propietarios, tíos,
de gatos, compañeros,
colegas,
discípulos o amigos
de su gato.

Yo no.
Yo no subscribo.
Yo no conozco al gato.
Todo lo sé, la vida y su archipiélago,
el mar y la ciudad incalculable,
la botánica,
el gineceo con sus extravíos,
el por y el menos de la matemática,
los embudos volcánicos del mundo,
la cáscara irreal del cocodrilo,
la bondad ignorada del bombero,
el atavismo azul del sacerdote,
pero no puedo descifrar un gato.
Mi razón resbaló en su indiferencia,
sus ojos tienen números de oro.

In: Pablo Neruda. Antologia poética, 1973.



Virgínia Caldas (publicitária e ilustradora)

Poema retirado do blog de Roberto Bozzetti

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Receita da Dona Cacilda

     Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo dia às 08 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão. E hoje ela se mudou para uma casa de repouso: o marido, com quem ela viveu 70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução. Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto. Enquanto ela manobrava o andador em direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela. Ela me interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho.


- Ah, eu adoro essas cortinas...



- Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... Espera um pouco...



- Isto não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo. Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem... Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.

- Simples assim? 

- Nem tanto; isto é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo 'treino' pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em conseqüência, os sentimentos.

Calmamente ela continuou:

 - Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica.

Depois me pediu para anotar como manter-se jovem;



1. Deixe fora os números que não são essenciais. Isto inclui a idade, o peso e a altura. Deixe que os médicos se preocupem com isso.  


Seguindo a primeira dica; esqueça a idade!

2. Mantenha só os amigos divertidos. Os depressivos puxam para baixo.


só palhaço!


3. Aprenda sempre:
Aprenda mais sobre computadores, artes, jardinagem, o que quer que seja.
Não deixe que o cérebro se torne preguiçoso. Uma mente preguiçosa é oficina do Alemão. 

E o nome do Alemão é Alzheimer!


Helga começou a plantar sementes de linhaça, muito produtivo...


4. Aprecie mais as pequenas coisas.



Apreciando, apertando e beijando minha coisinha pequena! 
(filhota da Luana)



5. Ria muitas vezes. Ria até lhe faltar o ar. E se tiver um amigo que o faça rir, passe mais tempo com ele / ela! 



6. Quando as lágrimas aparecerem, aguente, sofra e supere! A única pessoa que fica conosco toda a nossa vida somos nós próprios. VIVA enquanto estiver vivo. 



(...)


7. Rodeie-se das coisas que ama: Quer seja a família, animais, plantas, hobbies, o que quer que seja. O seu lar é o seu refugio.


Se estão longe, a gente improvisa.


8. Tome cuidado com a sua saúde: Se é boa, mantenha-a. Se é instável, melhore-a. Se não consegue melhora-la , procure ajuda.


Caminhadas é uma boa pedida!

9. Não faça viagens de culpa. Faça uma viagem ao centro comercial, até um país diferente, mas NÃO para onde haja culpa.


Apenas viaje.

10. Diga às pessoas que ama, que as ama a cada oportunidade.






Obs: Texto recebido dessas correntes de e-mail.


  

domingo, 12 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Amor

Jovem se defendendo de Eros (William Adolphe Bouguereau)

Sermão de Padre Antônio Vieira - O Amor

Pinta-se o amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacó, nunca chega à idade de uso da razão. Usar de razão e amar são duas coisas que não se juntam. A alma de um menino, que vem a ser? Uma vontade com afetos e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o jogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. Por isso, os mesmos pintores do amor lhe vendaram os olhos. E como o primeiro efeito, ou a última disposição do amor lhe vendaram os olhos. E como o primeiro efeito, ou a última disposição do amor é cegar o entendimento, daqui vem que isto que vulgarmente se chama amor, tem mais partes de ignorância; e quantas partes tem de ignorância tantas lhe faltam de amor. Quem ama, por que conhece, é amante: quem ama, porque ignora, é néscio. Assim como a ignorância na ofensa diminui o delito, assim no amor diminui o merecimento. Quem ignorando ofendeu, em rigor não é delinquente; quem ignorando amou, em rigor, não é amante. (§ II)
Quatro ignorâncias podem concorrer em um amante que diminuam muito a perfeição e merecimento do seu amor. Ou porque não se conhecesse a si, ou porque não conhecesse a quem amava, ou porque não conhecesse o amor, ou porque não conhecesse o fim onde há de parar amando. Se não conhecesse a si, talvez empregaria o seu pensamento onde o não havia de pôr, se se conhecera. Se não conhecesse a quem amava, talvez quereria com grandes finezas a quem havia de aborrecer, se o não ignorara. Se não conhecesse o amor, talvez se empenharia cegamente no que não havia de empreender, se o soubera. Se não conhecesse o fim em que havia de parar amando, talvez chegaria a padecer os danos a que não havia de chegar, se os previra. Todas estas ignorâncias que se chamam nos homens, em Cristo foram ciências, e em todas, e cada uma, crescem os quilates de seu extremado amor. Conhecia-se a si, conhecia a quem amava, conhecia o amor, e conhecia o fim onde havia de parar amando. (§ III)

Eros e Psiquê (William Adolphe Bouguereau)

Indivisíveis
O meu primeiro amor sentávamos numa pedra
que havia num terreno baldio entre as nossas casas.
Falávamos de coisas bobas.
isto é, que a gente grande achava bobas
como qualquer troca de confidências entre crianças de cinco anos.
Crianças...
Parecia que entre um e outro nem havia ainda separação de sexos
a não ser o azul imenso dos olhos dela,
olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
nem no cachorro e no gato da casa,
que apenas tinham a mesma fidelidade sem compromisso
e a mesma animal - ou celestial - inocência,
porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:
não, não importava as coisas bobas que disséssemos.
Éramos em desejo de estar perto, tão perto
que não havia ali apenas duas encantadas criaturas
mas um único amor sentado sobre uma tosca pedra,
enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se, não sabia
que eles levariam procurando um coisa assim por toda a sua vida...

Mário Quintana, Nova antologia poética, 1983.